terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

HUMILDADE - SOLIDARIEDADE - SER BENIGNO- BONDOSO

Humildade, uma qualidade!

A humildade é preciosa aos olhos de Deus e revela que quem a possuir será mais e mais abençoado e agraciado com os Seus cuidados; ela conserva a alma na tranqüilidade e contentamento, mesmo em meio às dificuldades diárias e gera a paciência e resignação nos momentos mais difíceis possíveis.

Pode-se defini-la como “um sentimento que leva a pessoa a reconhecer suas próprias limitações; modéstia; ausência de orgulho”. (“Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos”. Fp 2.3; veja: Pv 18.12).

A humildade é um sentimento de extrema importância no coração do homem que procura santificar-se, na realidade, sem esta evidência do caráter de Cristo, é impossível servir integralmente ao Eterno. Na palavra encontramos textos que a descreve como uma imposição de Deus, veja: >> “Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará”. Tg 4.10;

>> “Pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve”. Lc 22.26; >> “E vocês, jovens, sejam obedientes aos mais velhos. Que todos prestem serviços uns aos outros com humildade, pois as Escrituras Sagradas dizem: ’Deus é contra os orgulhosos, mas é bondoso com os humildes!’ Portanto, sejam humildes debaixo da poderosa mão de Deus para que ele os honre no tempo certo”. 1Pe 5.5,6; etc.

Para desempenharmos o serviço do Senhor é imperativo que haja este sentimento no coração (“O SENHOR já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus”. Mq 6.8). Ao observarmos esta orientação, somos agraciados com os cuidados do Pai (“O SENHOR é excelso, contudo, atenta para os humildes”. Sl 138.6 e

“Eu mesmo fiz o céu e a terra, e todas as coisas são minhas. Mas eu cuido dos pobres e dos arrependidos, dos que me temem e obedecem às minhas leis”. Is 66.2), esta relação de intimidade, faz o nosso coração transbordar com a Sua presença (“Pois o Altíssimo, o Santo Deus, o Deus que vive para sempre, diz: “Eu moro num lugar alto e sagrado, mas moro também com os humildes e os aflitos, para dar esperança aos humildes e aos aflitos, novas forças”. Is 57.15). Oh graças!

É a nossa obrigação, como filhos de Deus, procurarmos a humildade e nos revestirmos com ela (“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição”. Cl 3.12-14), para que a vejam em nossos passos e ações

(“Por isso eu, que estou preso porque sirvo o Senhor Jesus Cristo, peço a vocês que vivam de uma maneira que esteja de acordo com o que Deus quis quando chamou vocês. Sejam sempre humildes, bem educados e pacientes, suportando uns aos outros com amor”. Ef 4.1,2). E glorifiquem ao Senhor. Na Bíblia encontramos uma série de homens que são mostrados como exemplos da verdadeira humildade. Vejam alguns:

1- Cristo: “Sejam meus seguidores e aprendam comigo porque sou bondoso e tenho um coração humilde; e vocês encontrarão descanso”. Mt 11.29;
2- Abraão: “Abraão voltou a dizer: —Perdoa o meu atrevimento de continuar falando contigo, pois tu és o Senhor, e eu sou um simples mortal”. Gn 18.27;
3- Jacó: “Eu, teu servo, não mereço toda a bondade e fidelidade com que me tens tratado”. Gn 32.10;

4- Davi: “O rei Davi entrou na Tenda Sagrada, sentou-se e orou assim: —Ó SENHOR, meu Deus, eu não mereço tudo o que fizeste por mim no passado, e a minha família também não merece”. 2Sm 7.18; 5- Paulo: “O ensinamento verdadeiro e que deve ser crido e aceito de todo o coração é este: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior”. 1Tm 1.15; etc.

Foram servos que não se preocuparam com a própria vida, antes, o seu prazer estava exclusivamente no Senhor e deixava-se mover pelo Espírito Santo, reconhecendo que nada eram e que tudo provinha do Eterno. Hoje, no meio denominado cristão nos deparamos com uma triste verdade, são raras as exceções, a falta de humildade tem entrado e se fincado raízes nos corações, uma situação que contradiz claramente as ordenanças do Senhor Deus.

As palavras de Cristo (“Pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve”. Lc 22.26), não reflete na prática o posicionamento de alguns que foram agraciados e tornaram-se conhecidos entre os irmãos. Veja, talvez você esteja vivendo assim:

- Música: Com certeza é um dom de Deus, e quando entoada com santidade sobe como aroma agradável diante do Trono. Mas, é uma das áreas mais atacadas pela falta de humildade. A fama e a honra que deveriam ser direcionadas ao Senhor são tomadas para a vida pessoal e os frutos desta desvirtuação é o “estrelismo”. As ações visam exclusivamente o ego, e o retorno financeiro. Algumas destas estrelas chegam a fazer imposições absurdas aos “contratantes”.

Eu não creio que tais louvores sejam recebidos pelo Senhor, mas, que são vomitados.
- Líderes Famosos: É comum vermos pregadores famosos se vangloriando de suas ações, colocam-se em posição de autoridades e donos da verdade. O Senhor Deus tornar-se um coadjuvante em tais ministérios.- Igreja Local: A arrogância é vista em muitos que exercem cargos nas igrejas, sejam pastores, presbíteros, diáconos ou obreiros. Tomam para sim a honra que pertence exclusivamente a Deus.


- Crentes Ricos: A prosperidade não é um pecado; o erro está em colocar a riqueza como um diferencial na vida com os irmãos; formando blocos de ricos e pobres. O amor ao próximo é destruído pela falta de humildade. O Senhor tem abençoado e muitos são prósperos profissionalmente. É preciso cuidado para que as bênçãos dadas por Deus não estejam sendo usadas de forma errônea, para satisfazer a carne e o ego (compra de objetos desnecessários e gasto com vestuários).

O conceito que tudo pertence ao Senhor é real; é dever administrar bem os recursos financeiros dados por Deus e usá-los para abençoar uns aos outros.
- Crentes Pobres: Há muitos irmãos que não dispõe de recursos, até mesmo para a manutenção do lar, no entanto, não são humildes o suficiente para revelar a situação e aceitar a ajuda. É pecado!

- Crentes Cultos: A formação intelectual é ótima para a vida na terra, no entanto, não tem a menor utilidade para a vida espiritual; mas, há uma espécie de separação em muitas igrejas. É a humildade que partiu! O que importa mesmo é conhecer o Senhor e vivenciá-Lo. - A Juventude: O diabo tem plantado na cabeça de muitos jovens cristãos a idéia maligna que precisam assemelhar-se ao mundo, ser igual aos ímpios e esta prática tem suscitado em muitos corações a rebeldia.

Não são humildes para ouvir os enviados do Senhor e andam segundo os seus entendimentos. Amados do Senhor, a humildade é um sentimento que deve tomar todo o nosso ser, fazendo-nos reconhecer que nada somos e que tudo quanto façamos seja para a exclusiva honra e glória do Senhor Deus. Que o exemplo de Cristo Jesus seja observado e que possamos lavar os pés uns dos outros. (“Em seguida pôs água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha”. Jo 13.5).
Amem!
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A BENIGNIDADE

(Gálatas 5.16-25)

1. INTRODUÇÃO

A vida cristã é aquela vivida no Espírito Santo. Na verdade, a vida cristã só é possível no Espírito. Fora dEle, nossa vida é como a de qualquer pessoa.
A Bíblia fala de um homem que nunca deixava barato qualquer ofensa que recebesse, voluntária ou involuntária. Ele inaugurou o comportamento que ficaria conhecido como lei do talião, aquela do "dente por dente", "olho por olho". Seu nome era Lameque e sua história nos primeiros capítulos de Gênesis.

E disse Lameque às suas esposas: Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos: Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou. Sete vezes se tomará vingança de Caim, de Lameque, porém, setenta vezes sete. (Gênesis 4.23-24)

Terrível este Lameque! Quem lhe machucou foi punido com a morte. Alguém que, talvez involuntariamente, lhe pisou no seu pé pagou com a própria vida. Seu padrão era não permitir que o estilo de vida de Caim fosse esquecido. Lameque tinha orgulho de ser como seu ancestral, considerando-se uma pessoa justa, que fazia o bem a quem lhe fazia bem, mas trazia o mal a quem lhe trazia o mal. O retrato bíblico de Lameque é o retrato da natureza humana.

Se alguém é simpático conosco, somos simpáticos com ele. Se alguém é generoso conosco, procuramos uma forma de retribuir. Se alguém nos cumprimenta, nós os cumprimentamos. Não somos tão maus como Lameque. Sempre retribuímos na mesma medida, não com o excesso dessa exagerada personagem bíblica...
2. CONTRA A INDIFERENÇA PACÍFICA

A maioria de nós é adepta da indiferença pacífica. Jesus pregou a resistência pacífica ao mal, quando pediu que oferecêssemos o outro lado do rosto à bofetada. Nós inventamos a indiferença pacífica. Se Fulano não é simpático comigo, não serei simpático com ele e nada lhe fico devendo. Se Beltrano não pergunta o meu nome, também não pergunto o seu e estamos quites. Se Sicrano não me sorri, não sou eu lhe que vou abrir os dentes, para, talvez, receber uma cara feia de volta.

Se vivemos assim, precisamos ser incomodados pelo Espírito Santo, porque a indiferença não vem de Deus. Aqueles homens que, na história de Jesus, evitaram a calçada em que se debatia o homem ferido na estrada certamente não foram repreendidos pelos seus amigos, pois tinham feito como todo mundo faz. Quanto a nós, somos capazes de os condenar e, ao mesmo tempo, de agir como eles agiram, talvez esquecidos que eles foram indiferentes, pacificamente indiferentes, para tristeza de Jesus.

Podemos ser indiferentes e nos achar cristãos, quando o somos pela metade, porque somos apenas meio-cristãos quando a mensagem completa do Evangelho não nos está incomodando. Somos meio-cristãos quando vivemos do Cristianismo apenas a parte fácil.
Então, quando lemos a lista paulina do fruto do Espírito (em Gálatas 5), não podemos nos acomodar à indiferença pacífica, pois ali se descreve como deve viver um cristão, desabrochando em alegria-amor-benignidade-bondade-domínio/próprio-fidelidade-longanimidade-mansidão-paz.

A benignidade é uma dimensão do fruto do Espírito que não pode faltar ao cristão, como já recomendava a sabedoria hebraica: Não se afastem de ti a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço, escreve-as na tábua do teu coração; assim acharás favor e bom entendimento à vista de Deus e dos homens. (Provérbios 3-4)

3. A NATUREZA DA BENIGNIDADE

Não é fácil conceituar o que é a benignidade, palavra que aparece (ela e suas variantes) 42 vezes na Bíblia. Na pena de Paulo, é uma palavra específica (chrestotes) diferente de misericórdia e de bondade. Benignidade é a virtude que uma pessoa tem de faz er com que os outros se sintam à vontade em sua presença. Ela também se caracteriza pelo esforço demonstrado por alguém para evitar que algum mal venha sobre os outros.

Quando temos o Espírito Santo frutificando em nós, podemos alcançar duas dimensões essenciais, mas não únicas, da benignidade, uma no domínio do sentimento e outra no território do tratamento. 1. Benignidade de sentimento é empatia, que é o interesse que alguém tem em sentir o que seu próximo sente. Se o outro chora, o benigno chora. Se o outro ri, o benigno ri. Se o outro está angustiado, o benigno se angustia.

Assim, em lugar de "não estar nem aí" pelo outro, o benigno se interessa não só pelas necessidades do outro, mas pelos seus sentimentos. Benigno, portanto, é aquele que se interessa pelos sentimentos dos outros. Numa cultura que venera a privacidade, não é fácil pôr em prática a benignidade empática. Os gestos nesta direção sempre parecem uma invasão.

Por isto mesmo é que precisamos prestar atenção no outro que, as vezes, nos manda secretamente pedidos de socorro. As mensagem secretas do seu próximo também interessam a quem é benigno, cujo prazer é apoiar o outro. Quando o apóstolo Paulo nos recomenda carregar as cargas uns dos outros (Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo --

Gálatas 6.2), ele não se refere apenas aquelas cargas leves ou aquelas cartas explicitas, mas cargas, sejam elas pesadas, estejam elas escondidas no fundo do coração de quem sofre. Pede-nos, pois, a Bíblia algo muito difícil, pois já difícil carregar as cargas diante dos nossos olhos, quanto mais aquelas que dependem de sensibilidade, de observação, de empatia enfim.

No entanto, no Espírito Santo pode nos capacitar neste sentido e sem nos transformar em chatos invasores de privacidade. 2. Se a empatia é difícil, a benignidade de tratamento é mais acessível, embora não necessariamente mais fácil. Estamos falando da simpatia, que tem a ver com o desejo de se relacionar, e com todos os esforços decorrentes deste desejo. Simpatia tem a ver com polidez, calor, aplauso, sorriso.

Polidez é cumprimentar o outro, procurando tornar a convivência agradável, de modo que, num encontro, ninguém precise fazer "cara de elevador". Benignidade tem a ver com receptividade ao gesto do outro. Se alguém vem em sua direção, corresponda educadamente. Mais que polida, a benignidade é calorosa, na iniciativa de cumprimentar, procurar e abraçar, e na retribuição do cumprimento, da procura e do abraço.

Simpatia tem a ver com o reconhecimento das qualidades e das ações do outro. Deve se expressar em aplauso, em elogio, em palavras de incentivo. Alguém lhe fez um bem? Diga-lhe que ele lhe fez um bem, algo como "que bom receber o seu telefonema!" ou "O seu cartão chegou num momento em que precisava ouvir o que você me escreveu!" Nós, os rápidos no gatilho para reclamar, devemos ser prontos também no agradecer e no elogiar. Sejamos benignos com os nossos amigos, aplaudindo-os nos seus grandes momentos.

Simpatia tem a ver a com o sorriso, este perfume que se vê. Há o sorriso que toma a iniciativa, mesmo sem saber qual será a resposta. Há o sorriso que responde o sorriso do outro. Quando dois rostos se abrem em sorrisos, um para o outro, a conversa flui melhor, a comunicação acontece, os relacionamentos se tornam possíveis. Para que esta cara fechada? Para que esta "cara de bad boy"? Para que esta cara de "poucos amigos"? Pratiquemos a benignidade do sorriso, que faz bem a outro e a nós também.

Deixe de ser grosso, para ser macio; deixe de ser amargo, para ser doce com os outros, mesmo que não haja platéia e nem uma câmera não esteja filmando. Mesmo quando tiver que ser firme diante da injustiça, não perca a ternura.
Os relacionamentos cheios de benignidade são mais uma ação do Espírito Santo em nós e por intermédio de nós.
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4. A MATRIZ DE NOSSA BENIGNIDADE

Poderíamos resumir o que vimos dizendo, afirmando que ser benigno é tratar os outros como Deus os trata. É olhar para os outros como Deus os olha. Trata-se de tarefa difícil, mas, como temos dito, o Cristianismo é compromisso de difícil execução. A benignidade é um dom de Deus, produzido pelo Espírito. Nosso modelo, nesta caminhada, é o próprio Deus, que é benigno

Segundo a Bíblia, Ele é benigno porque sua misericórdia para conosco não depende de nossa fidelidade ou de nossa gratidão. E este deve ser o nosso modelo, por mais antinatural. Vejamos como e quando Ele é benigno 1. Deus é benigno por sua obra de criação. A natureza é uma extensão da sua benignidade. Naqueles momentos em que você se sentir esquecido por Deus, olhe a natureza.

Se você tem carro, tome o caminho do mar ou da montanha. Se você não tem, tome um ônibus para a praia limpa mais próxima. Olha aquilo tudo. Deus fez aquilo para seus filhos e isso inclui você. Olhe. Desfrute. Preserve. Louve a Deus pelo que fez. Seja benigno com a natureza e com os que virão depois de você. Não faça nada que possa degradar a natureza, tornando menor a obra de Deus, degradando-a para os que virão depois.

2. Deus é benigno por sua obra de redenção.

Somos salvos pela benignidade do Pai, ao nos dar Seu Filho, sem esperar nada em troca, para que nós tivéssemos vida. Não podemos fazer o mesmo, mas podemos aceitar esta oferta de Deus e podemos falar da salvação. Aqueles que não são salvos barateiam a obra de Deus, recusando o seu oferecimento. Aqueles que já são salvos tendem, com o passar do tempo, a subvalorizá-la, como se não fosse o gesto maior de
Deus para conosco. Todo dia precisamos nos lembrar que estaríamos condenados a morte se não fosse a morte de Jesus por nós. Todo dia precisam cantar uma canção como esta:


[Eu]Te agradeço, meu Senhor.
Te agradeço, por me libertar e salvar.
Por ter morrido em meu lugar.

(Dennis Jernigan)
A Ceia do Senhor é uma celebração desta dádiva.

3. Deus é benigno por sua obra de cuidado.
Deus, por meio do Espírito Santo, cuida de nós, como Parácleto, que podemos assemelhar a uma coluna, onde podemos nos apoiar. Este cuidado se expressa em suas orientações, contidas na Bíblia, para nós, ela que é luz para os nossos caminhos (Salmo 119.105). Este cuidado se expressa no livramento na hora da aflição (O Deus Eterno é bom.

Em tempos difíceis, ele salva o seu povo e cuida dos que procuram a sua proteção. -- Naum 1.7). Este cuidado se expressa no interesse pelos Seus filhos, o que levou o poeta bíblico a dizer: Como são maravilhosas as coisas boas que guardas para aqueles que te temem! Todos podem ver como tu és bom e como proteges os que confiam em ti. (Salmo 31.19)

Assim, devemos ser benignos, olhando para a natureza, vendo nela a ação de Deus, preservando-a por ela mesma e pelos que virão depois de nós.Devemos ser benignos, aceitando a salvação de Deus e levando-a a outrosDevemos ser benignos, cuidando dos outros, como Deus faz.. 4. O modelo de nossa benignidade é o comportamento de Deus. Ele, por exemplo, manda o sol e a chuva para justos e injustos (Mt 5.45).

Não é justo este comportamento; não é justo, mas é benigno. Sem o Espírito, somos apenas justos, no sentido da justiça retributiva, nunca benignos. O que Jesus nos ensina é outro comportamento: Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso. E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa?

Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai. (Lc 6.33-36)

5. CONCLUSÃO

A benignidade é dom de Deus, que podemos desenvolver seguindo o exemplo de Cristo e sendo ajudados pelo Espírito Santo. A benignidade não é uma teoria, mas uma ação prática, que coloca o outro numa posição superior à nossa. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros (Romanos 12.10).

A benignidade de Deus é para ser imitada por nós, como pede o apóstolo:
Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave. (Ef 4.31-32; 6.1-2)

Israel Belo de Azevedo, Pastor da Igreja Batista Itacuruçá. Doutor em filosofia, dirige o Programa de Pós-Graduação em Teologia (Mestrado e Doutorado) do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (Rio de Janeiro).
E-Mail:israelbelo@infolink.com.br


Josef Pieper

Um dos bens em que o homem, segundo a natureza, procura a plena realização da sua existência, é a excellentia, a superioridade, a primazia, o fazer-se valer [2] . A virtude da temperança, da disciplina e da medida, enquanto vincula esse impulso natural à ordenação da razão, chama-se humildade. A humildade consiste em avaliar-se da maneira que corresponde à realidade [3] .

Com isso está quase tudo dito.

Partindo dessa definição, dificilmente se compreende como é que o conceito de humildade pôde transformar-se num objecto de luta. Se prescindíssemos das potências demoníacas, dirigidas contra o bem, e especialmente contra este aspecto da fisionomia cristã do homem, só seria possível essa transformação se o conceito de humildade se tivesse extinguido na própria consciência cristã.

Em todo o tratado de São Tomás sobre a humildade e o orgulho, não se encontra uma só frase que possa dar azo a sugerir que uma atitude de constante autodiminuição, de inferiorização do próprio ser ou das próprias possibilidades, tenha, em princípio, alguma coisa a ver com a humildade ou com qualquer outra virtude cristã.
Magnanimidade

Nada há que indique um caminho mais claro para a verdadeira compreensão da humildade que este princípio: a humildade e a magnanimidade (magnanimitas) não são antitéticas, não se excluem uma à outra [4] , mas são pelo contrário afins e complementares, contrapondo-se ambas ao mesmo tempo ao orgulho e à pusilanimidade[5] .

E na verdade, que significa magnanimidade? Magnanimidade é o vôo, a tendência do espírito para os grandes feitos [6] . É magnânimo quem exige grandes coisas do seu coração e se torna digno delas. O magnânimo é em certo sentido “difícil de contentar”; não estabelece contacto com tudo o que lhe surge no caminho, mas apenas com o que é grande [7] .

Mais que tudo, a magnanimidade deseja as grandes honras; “o magnânimo lança-se para as acções que são dignas da maior honra” [8] . Na Summa Theologica lê-se: “É reprovável desprezar as honras, de modo a descurar aquilo que as merece” [9] . Por outro lado, o magnânimo não se sente atingido pela desonra; ele despreza-a como não sendo digna da sua atenção [10] .

O magnânimo olha com desprezo para tudo o que é mesquinho. Nunca actuará de modo reprovável, só para evitar o desagrado de alguns [11] . As palavras do Salmo XIV: “Aos seus olhos, o perverso nada vale” [12] , segundo São Tomás referem-se ao magnânimo “desprezo pelos homens” do justo. Sinceridade destemida é a marca da magnanimidade: nada há que mais odeie do que ocultar, por medo, a verdade [13] . O magnânimo evita peremptòriamente as palavras aduladoras e as dissimulações, pois ambas são fruto de um coração mesquinho [14] .

O magnânimo não se queixa, porque o seu coração não se deixa vencer por qualquer mal externo [15] . O magnânimo traz consigo a indestrutível firmeza da sua esperança, uma confiança desmedida, quase temerária [16] , e no seu coração sem medo reina uma paz imperecedoira [17] . O magnânimo não cede ao aperto das preocupações, nem aos homens, nem aos acontecimentos: só perante Deus se inclina [18] .

É com pasmo que reconhecemos que esta imagem da magnanimidade se encontra passo a passo desenhada na Summa Theologica de São Tomás de Aquino. Tornava-se necessário recordar isto. Porque no tratado sobre a humildade diz-se diversas vezes: a humildade não contradiz a magnanimidade. Agora poder-se-á medir o que esta frase, expressa como aviso e prevenção contra fáceis erros, quer na verdade dizer.

Nada mais do que isto: que uma “humildade” demasiado mesquinha e débil para saber suportar a tensão interior da sua convivência com a magnanimidade, não pode ser humildade autêntica. Soberba A mentalidade ordinária das pessoas inclina-se a descobrir no magnânimo um soberbo, e, portanto, do mesmo modo, a enganar-se acerca da verdadeira essência da humildade.

“É um soberbo”, proclama-se depressa e facilmente. Mas muito poucas vezes essa locução coincide, na realidade, com a verdadeira soberba (superbia). Antes de mais nada, a soberba não é um modo de comportamento ordinário nas relações entre as pessoas. A soberba refere-se às relações do homem com Deus: é a negação, contrária à realidade, da relação de dependência da criatura para com o Criador: é um desconhecimento da criaturalidade do homem, da sua condição de criatura.

Em todos os pecados há este duplo aspecto: a aversio, aversão a Deus, e a conversio, a conversão, o apegamento aos bens efêmeros. O elemento formal determinante é o primeiro: a aversão a Deus. E esse, em nenhum outro pecado é tão explícito e formal como na soberba. “Todos os outros pecados fogem de Deus, e só a soberba se opõe a Deus” [19] . É só dos soberbos que a Sagrada Escritura diz que Deus lhes resiste (Tiago 4, 6).

Humildade como comportamento social

A humildade também não é, em primeiro lugar, uma atitude externa nas relações da convivência humana. A humildade é, sobretudo, uma atitude do homem perante a Deus. Aquilo que a soberba nega e destrói, a humildade reafirma e consolida: a condição de criatura do homem. Esta condição constitui a essência mais profunda do homem. Portanto, a humildade, como “sujeição do homem a Deus” [20] , é a adesão, o sim de assentimento a esta condição originária e essencial.

Em segundo lugar, a humildade não consiste num comportamento exterior, mas numa atitude interior, nascida da decisão da vontade [21] . Consiste naquela atitude que, fixa em Deus e consciente da sua condição de criatura, reconhece a realidade graças à vontade divina. É principalmente a simples aceitação disto: que o homem e a humanidade não são Deus, nem “como Deus”.

E é aqui que aflora a ligação escondida que une a humildade, virtude cristã, com o Dom - talvez também cristão - do humor [22] . Será possível evitar dizer agora - em terceiro lugar -, por fim e francamente, que a humildade, para além de tudo quanto já se disse, também é uma atitude do homem para com o homem, e principalmente atitude de humilhação voluntária e recíproca? Vejamos.

São Tomás de Aquino levantou a questão da atitude de humildade dos homens para com os homens, e respondeu da seguinte maneira: “Observa-se nos homens uma dupla realidade: aquilo que é de Deus, e aquilo que é do homem... A humildade, no entanto, no sentido mais próprio, é a reverência do homem submetido a Deus. É por isso que o homem, olhando para aquilo que lhe é próprio, tem que submeter-se ao seu próximo, olhando para aquilo que esse tem de Deus em si. Mas a humildade não exige que alguém submeta aquilo que nele há de Deus, àquilo que parece haver de Deus no próximo...

Do mesmo modo, a humildade não exige que alguém submeta aquilo que tem em si de próprio, ao que nos outros é próprio dos homens” [23] . No âmbito vasto, de muitos degraus, embora bastante bem delimitado, desta resposta, há espaço tanto para o “desprezo pelo homem” do magnânimo, como também para a humilhação voluntária de São Francisco de Assis, que largou o hábito para se apresentar ao povo com um baraço em volta do pescoço [24] .

Aqui também se demonstra que a ética cristã não dá grande valor a medidas e regras estreitas e carriladas. Esta opinião, mais, esta opinião negativa, é expressa por Santo Agostinho sobre outra questão também ligada com a presente, na seguinte frase: “Quando alguém diz que não se deve receber diariamente a Comunhão e outrem diz o contrário, então cada um faça aquilo que julgar mais conforme à sua fé e devoção. Também não se contradisseram Zaqueu e o centurião, ainda que um tenha recebido o Senhor com alegria (Lucas 19, 6), e o outro tenha dito:

‘Não sou digno de que entreis na minha casa’ (Lucas 7, 6). Ambos honraram o Salvador, cada qual a seu modo” [25] .

(Salmos 41:1) - BEM-AVENTURADO é aquele que atende ao pobre; o SENHOR o livrará no dia do mal. (Salmos 41:2) - O SENHOR o livrará, e o conservará em vida; será abençoado na terra, e tu não o entregarás à vontade de seus inimigos.
(Salmos 41:3) - O SENHOR o sustentará no leito da enfermidade; tu o restaurarás da sua cama de doença.

(Salmos 41:4) - Dizia eu: SENHOR, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti. (Salmos 41:5) - Os meus inimigos falam mal de mim, dizendo: Quando morrerá ele, e perecerá o seu nome

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